Educação 5.0 no Stocco e no mundo
23/jan/2023
Rodrigo Reis
Coordenador pedagógico do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio
O modelo de educação adotado por muitas escolas nos dias de hoje ainda é o tradicional, que tem o professor como dono do saber, transmitindo todo seu conhecimento para os estudantes, que devem memorizar estes conteúdos e reproduzi-los em uma prova. Porém este modelo de ensino já se provou ineficiente (LACERDA e MELO, 2017) e sem sentido no mundo atual, pois não forma jovens e adultos autônomos, críticos e autorregulados para buscar novos conhecimentos de forma independente e proativa.
Enquanto estas escolas mantêm suas crenças em uma educação tradicional, há um consenso entre muitos teóricos e a sociedade em geral sobre a importância da educação para tornar o mundo um lugar melhor – reflexo de como a sociedade pensa, organiza-se e age (ROCHA, 2018).
A evolução dos modelos educacionais
Os objetivos da educação mudaram com o passar do tempo e, para tornar estas alterações ainda mais claras para a comunidade acadêmica e público em geral, os principais marcos de mudança foram nomeados como versões de um software, ligadas a acontecimentos que marcaram a história, como as revoluções industriais. Para entendermos um pouco melhor estas transformações, é necessário que façamos uma breve passagem sobre os diferentes momentos da educação.
Começando pela educação 1.0, em que todo o modelo de ensino se baseava na educação religiosa e tinha o professor como detentor de todo o conhecimento e o estudante não somente em uma posição passiva, mas quase submissa ao docente, que o “iluminava” com seu saber. Esse é um dos motivos pelos quais o aprendiz denominava-se aluno (e ainda permanece sendo chamado assim em muitas escolas), que vem de “a lumini” do latim – aquele sem luz, sem conhecimento.
Passando para o modelo 2.0, a educação direcionou seu olhar para as indústrias e, portanto, a formação passou a ser focada em processos repetitivos com foco na qualidade e preparação das pessoas para executar tarefas mecânicas e individuais. Neste modelo que nasce com a necessidade da 2ª Revolução Industrial, o erro era evitado ao máximo.
Já a educação 3.0 nasce em um momento em que a concepção de ensinar muda completamente, tendo o professor como um facilitador que utiliza as tecnologias e metodologias ativas à sua disposição, explorando todo seu potencial pedagógico para estimular e promover a autonomia, participação e criatividade dos estudantes. O docente ainda tem o papel principal, porém as aulas com abertura para diálogo ganham espaço e a partir deste modelo o erro começa a ser valorizado como parte do processo de aprendizagem.
A educação 4.0 é um modelo diretamente ligado à indústria 4.0 e embora tenha tendência de atender as necessidades desta indústria, traz consigo novos valores, como o maior uso de tecnologias digitais, um maior cuidado com o desenvolvimento de competências sociais e emocionais e principalmente um foco no desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Este modelo educacional é marcado pelo forte uso da tecnologia, com o ensino de robótica, gestão de dados, realidade aumentada e outras inovações. Na educação 4.0, não falamos mais do simples uso da tecnologia, mas sim na utilização dela para mudar costumes e facilitar tarefas. Promove ainda a ideia do aprender fazendo, da importância das experiências, e da aplicação, bem como a contextualização do conhecimento.
Boa parte das escolas encontra-se neste modelo de educação (4.0), no qual a tecnologia é uma ferramenta importante, mas ainda não está necessariamente em prol de uma melhoria na qualidade de vida.
O desenvolvimento de habilidades para a vida
Por fim, chegamos na educação 5.0, modelo que é a evolução do 4.0 com foco na Sociedade 5.0. Um conceito originado no Japão e que tem como objetivo gerar um impacto positivo na vida das pessoas, colocando a tecnologia a favor do ser humano. Este conceito passa a valorizar o ensino humanizado colocando as soft skills (competências socioemocionais, pessoais e comportamentais de cada pessoa) como um pilar do desenvolvimento humano. Estas competências não podem ser medidas nem registradas no currículo, mas fazem uma enorme diferença na vida profissional e pessoal e são caracterizadas, por exemplo, na proatividade, organização, facilidade de comunicação ou até mesmo na habilidade de interagir ou gerenciar grupos.
A educação 5.0 tem como objetivos a capacidade de comunicação entre os indivíduos, a resolução de problemas, a inteligência emocional e o trabalho em equipe. Essa evolução da educação 4.0 conta ainda com a utilização da tecnologia e das metodologias ativas, porém aprofunda ainda mais em valores que tornam esta educação única, tais como: estudante e professor protagonistas, neurociência aplicada à educação, formação integral do indivíduo e psicologia da educação.
Esta nova visão sobre educação permite que o estudante se adapte melhor às mudanças pelas quais nossa sociedade tem passado, tais como a incerteza que aumenta com o futuro, a volatilidade que multiplica a quantidade de mudanças em um curto espaço de tempo e a maior complexidade que torna necessário um aprendizado contínuo e contextualizado. Além destas adaptações, o estudante precisará aprender a aproveitar, para o seu desenvolvimento, todo o acesso à informação e a comunicação que este período nos permite.
Esta educação do século XXI exige que a escola também seja do século XXI, valorize o estudante protagonista, um ensino mais humanizado e, principalmente, utilize a tecnologia para facilitar processos e gerar um impacto positivo na humanidade.
Para que pudéssemos fazer parte da educação 5.0, iniciamos no Stocco não somente uma nova abordagem sobre a tecnologia, mas também das aulas, em que o professor faz uso dos recursos tecnológicos como forma de integrar os conhecimentos e contextualizar a prática pedagógica em cada momento de aula. Embora pareça algo simples, esta quebra de paradigmas exige que o professor tenha uma maior interação com o estudante, o qual deve emergir a cada dia mais em seus projetos para fazer com que a tecnologia participe não só como ferramenta, mas como parte fundamental desses projetos.
A formação integral e o protagonismo na formação do estudante
Pensando neste tipo de educação é que fazemos aqui no Stocco um trabalho cuidadoso com foco no ensino integral do estudante, desenvolvendo não somente as matérias de núcleo comum, mas colocando nossas crianças e jovens em contato com situações-problema, momentos de interpretação crítica da realidade, aulas de projeto de vida com foco no trabalho socioemocional, ensino de ciências contextualizado, contato constante com um currículo internacional, sem deixar de usar muita tecnologia a favor da aprendizagem.
Tudo isso, somado a um atendimento individualizado e atividades planejadas e propostas de acordo com o que existe de mais moderno nas teorias de educação, nos permite realizar um ensino de excelência sem que o jovem receba uma intensa pressão para avaliações.
Este ensino cuidadoso e realizado de forma personalizada permite que o jovem desenvolva sua autorregulação, para que desenvolva um repertório de estratégias que garantam uma aprendizagem melhor e contínua ao longo da vida. E é com este ensino cuidadoso, contextualizado e alinhado com as principais mudanças do mundo, que realizamos no Stocco um trabalho não só dentro do Ensino 5.0, mas também preocupado com o desenvolvimento de professores e estudantes para o próximo modelo que ainda irá surgir. Para inovar, não basta apenas que estejamos antenados a tudo o que está por vir, mas sim que preparemos nossos stoqueiros e stoqueiras acreditando em seu potencial e autonomia, a fim de que sejam capazes de enfrentar qualquer desafio novo pelo qual vão passar ao longo de suas vidas. Isso é a educação integral de um cidadão do futuro.
Referências:
BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 153 – 174.
LACERDA, V. L.; MELO, G. F. Formação e desenvolvimento profissional de professoras da Educação Básica. Ensino em Re-Vista, v. 1, n. 1, p. 431 – 450, 2017.
ROCHA, J. Design thinking na formação de professores: novos olhares para os desafios da educação. In: