Pontos de não retorno climático… O que isso significa?
16/jul/2024
Na linguagem popular, “pontos de não retorno” são como aqueles momentos em que as coisas ficam tão sérias que não dá mais para retornar.
No caso do clima, esses pontos são como limites críticos que, uma vez ultrapassados, fazem com que as mudanças no sistema climático se tornem uma bola de neve, que ficam tão grandes e fora de controle que depois de um certo tempo não é possível impedir sua trajetória e consequências. É como se o sistema entrasse em uma mudança radical que não pode mais ser interrompida.
Onde é possível observar esses pontos?
Um exemplo desse processo encontra-se na atual degradação da Floresta Amazônica. Apesar de sua notável resiliência à destruição, décadas de negligência e exploração desenfreada resultaram em danos significativos, levando a uma deterioração progressiva, comprometendo a capacidade de regeneração da floresta, bem como a preservação de suas características distintivas.
Além disso, podemos citar o derretimento acelerado das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida, que liberam toneladas de água doce do permafrost (camada de solo que permanece a 0°C ou abaixo dele por pelo menos dois anos consecutivos) nos oceanos. Também provocam a liberação de gás metano que estava acumulado nesse solo que intensifica o efeito estufa. O excesso de CO₂ na atmosfera está sendo absorvido pelos oceanos, causando uma acidificação que prejudica irreversivelmente a vida marinha. Dessa forma criando um ciclo que pode se tornar irreversível.
Esses processos se interligam e se amplificam, criando um ciclo perigoso que intensifica as mudanças climáticas.
Quais as consequências?
À medida que ultrapassamos um ponto crítico, a floresta está prestes a perder sua função vital como um eficiente reservatório de carbono. De maneira preocupante, a situação pode evoluir para que a floresta, ao invés de ajudar a reduzir as emissões de dióxido de carbono, passe a contribuir significativamente para o aumento do aquecimento global, intensificando assim os desafios relacionados às mudanças climáticas. Torna-se imperativo implementar medidas eficazes de conservação e manejo sustentável para reverter esse cenário e preservar a Floresta Amazônica como um recurso essencial para a saúde do nosso planeta.
Mas isso já está acontecendo?
Infelizmente, sim! Durante décadas cientistas alertaram sobre os impactos ambientais de nossa forma de exploração do ambiente e poluição produzida por indústrias e veículos a combustão.
“Os pontos de não retorno no sistema terrestre representam ameaças de uma magnitude nunca enfrentada pela humanidade”, diz o professor Tim Lenton, diretor do Global Systems Institute (GSI) da University of Exeter. “Podem desencadear efeitos dominó devastadores, incluindo a perda de ecossistemas inteiros e da capacidade de cultivo de culturas básicas, com impactos sociais que incluem deslocamentos em massa, instabilidade política e colapso financeiro”.
Como solucionar o problema?
Não existe uma solução para os pontos já ultrapassados, mas devemos mudar nossas atitudes e conceitos para evitar que outros pontos sejam atingidos prejudicando ainda mais nosso planeta e colocando nossa vida em risco.
Países devem estabelecer metas de redução de liberação de CO2 e cumprí-las rigorosamente, cabe a população cobrar de seus representantes essas ações e fiscalizações.
As pessoas devem evitar o uso desnecessário de veículos a combustão e priorizar o uso de transporte público e as bicicletas.
E o mais importante, todos devemos combater o consumo de bens supérfluos, pois toda a cadeia de produção emite CO2 além de retirar a matéria prima da natureza para serem produzidos. Seja consciente.
Para saber mais sobre os “pontos de não retorno” escute os episódios do Stoccast com a participação do professor Luis Alves do Colégio Stocco e da professora Waverli Maia Neuberger, especialista em sustentabilidade. Clique abaixo para ouvir!
Autor:
Luis Gustavo Cordeiro Alves
Professor de Biologia e Robótica no Colégio Stocco